Assim como em qualquer profissão, existem as especialidades na contabilidade no qual um profissional se dedica e foca seus conhecimentos a fim de determinar um nicho de atuação. E uma dessas especialidades é a contabilidade bancária.
Essa área exige do contador a busca constante pelo conhecimento que envolve o modelo de negócio das instituições financeiras, a forma como elas apresentam seus resultados, a regras, normas e leis no qual estão submetidas, assim como suas obrigações acessórias na área fiscal e contábil.
Existem muitos mitos que rondam a diferença entre bancos e outros tipos de empresas. Mas na verdade o que acontece é o fato de os bancos estarem sujeitos à algumas normas que outras empresas não estão. O que não seria para menos, afinal essas instituições são responsáveis pelo sistema financeiro de toda uma nação.
No Brasil, as instituições financeiras precisam seguir as diretrizes do Banco Central, e dessa forma, são obrigadas a apresentar seus relatórios de contabilidade com bastante rigor.
Por isso, o contador que deseja se especializar nessa área precisa conhecer a fundo esse tipo de segmento. Pois muitas obrigações, tributos, deduções e atuação de mercado precisam estar de acordo com às leis.
Continue lendo e entenda mais sobre a importância da contabilidade bancária.
O que é a contabilidade bancária?
A contabilidade bancária é um ramo da contabilidade que lida com o registro, classificação e análise das transações financeiras realizadas por bancos e outras instituições financeiras.
Ela envolve a coleta de dados sobre depósitos, empréstimos, investimentos e outras atividades financeiras do banco, assim como a organização desses dados em relatórios.
Esses relatórios financeiros são usados para avaliar o desempenho do banco, bem como para atender a requisitos regulatórios e de conformidade. A contabilidade bancária também é usada para ajudar as instituições financeiras a gerenciar riscos financeiros, incluindo risco de crédito, risco de mercado e risco operacional.
Alguns dos principais elementos dessa contabilidade incluem a contabilização de:
- Juros e taxas.
- Receitas e despesas.
- Ativos e passivos,
- Demonstrações financeiras, como o balanço patrimonial e a demonstração de resultados.
Além disso, a contabilidade bancária pode envolver a utilização de software especializado para ajudar a automatizar e simplificar o processo de registro e análise financeira.
Qual a importância da contabilidade bancária?
A contabilidade bancária é importante por vários motivos, incluindo:
- Monitoramento do desempenho financeiro: isso permite que os bancos monitorem seu desempenho financeiro, identificando áreas onde estão obtendo lucros e onde estão incorrendo em perdas. Isso ajuda as instituições financeiras a tomar decisões estratégicas e a implementar planos para melhorar seu desempenho financeiro.
- Conformidade regulatória: os bancos são regulados por agências governamentais que exigem que eles produzam relatórios financeiros precisos e detalhados. A contabilidade bancária ajuda as instituições financeiras a atender a esses requisitos regulatórios e a evitar penalidades ou sanções.
- Gestão de risco: esse tipo de contabilidade é essencial para a gestão de risco, uma vez que permite que os bancos monitorem e avaliem o risco associado a várias atividades financeiras, como empréstimos, investimentos e transações com derivativos. Isso ajuda as instituições financeiras a identificar áreas onde estão expostas a riscos elevados e a implementar medidas para mitigar esses riscos.
- Tomada de decisões: a contabilidade bancária fornece informações financeiras importantes que ajudam os bancos a tomar decisões informadas sobre estratégias de negócios, alocação de recursos e gestão de risco. Essas informações podem ser usadas para identificar oportunidades de crescimento, melhorar a eficiência operacional e tomar decisões de investimento mais prudentes. Um banco jamais ofereceria, por exemplo, um investimento em CDB rendendo mais de 100% do CDI, sem um relatório contábil eficiente que justificasse esse produto.
Em resumo, a contabilidade bancária é essencial para garantir que os bancos operem de forma eficiente e estejam em conformidade com as leis.
E falando em regras, é importante destacar que a contabilidade bancária segue as diretrizes da COSIF.
O que é COSIF e qual sua importância para os bancos?
A COSIF é a sigla para “Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional”. Trata-se de uma norma contábil utilizada por instituições financeiras no Brasil, estabelecida pelo Banco Central, que define as regras e procedimentos contábeis a serem seguidos pelas instituições financeiras do país.
O objetivo da COSIF é padronizar a apresentação das informações contábeis das instituições financeiras, tornando mais fácil a comparação entre elas.
Ela define as contas contábeis que devem ser utilizadas pelas instituições financeiras para registrar suas operações, bem como as regras para a elaboração de demonstrações financeiras que incluem o balanço patrimonial, a demonstração de resultados e a demonstração das mutações do patrimônio líquido.
Além disso, a COSIF estabelece os critérios para a avaliação de ativos e passivos, bem como os procedimentos para a constituição de reservas e provisões. Também define as regras para a elaboração de relatórios gerenciais, incluindo relatórios de risco de crédito e relatórios de risco de mercado.
A utilização da COSIF é obrigatória para todas as instituições financeiras no Brasil, incluindo bancos comerciais, bancos de investimento, corretoras de valores, cooperativas de crédito, entre outras.
A COSIF é atualizada periodicamente, portanto é extremamente importante ficar acompanhando.
Os bancos fazem parte do Lucro Real
As instituições financeiras, como bancos, corretoras, etc, são obrigadas a tributar seus lucros pelo regime do Lucro Real, de acordo com a legislação brasileira.
O Lucro Real é um regime tributário que exige que a empresa pague impostos com base no lucro efetivamente apurado em suas operações, após a dedução das despesas e dos custos necessários para a realização das atividades.
As instituições financeiras são obrigadas a seguir as regras estabelecidas pelo Banco Central do Brasil e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), além de outras normas regulatórias específicas do setor.
Elas também são obrigadas a apresentar informações contábeis e financeiras detalhadas ao BCB e à CVM, e a manter reservas obrigatórias para garantir a solidez do sistema financeiro.
Portanto, para efeitos fiscais, as instituições financeiras são tributadas pelo regime do Lucro Real, assim como as demais empresas brasileiras sujeitas a este regime.
Os bancos pagam quais impostos?
Os bancos, assim como outras empresas, pagam uma variedade de impostos, incluindo impostos federais, estaduais e municipais. Alguns dos principais impostos pagos pelos bancos no Brasil são:
- Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ): o IRPJ é um imposto federal que incide sobre o lucro das empresas, incluindo os bancos. A alíquota desse impostos para as empresas é de 15%, podendo ser acrescido de adicional de 10% sobre o lucro que exceder R$ 20 mil por mês. Como o assunto é sobre bancos e seus lucros são gigantes, pode-se dizer que essas instituições pagam 25%.
- Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL): a CSLL é um imposto federal que incide sobre o lucro das empresas. A alíquota da CSLL para os bancos é de 20%.
- Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS): o PIS e a COFINS são impostos federais que incidem sobre o faturamento das empresas. A alíquota do PIS é de 1,65%, e a da COFINS até 7,6%.
- Imposto sobre Operações Financeiras (IOF): o IOF é um imposto federal que incide sobre operações financeiras, tais como empréstimos, financiamentos, seguros e câmbio. A alíquota do IOF varia de acordo com o tipo de operação financeira e muitas vezes é pago diretamente pelo cliente do banco responsável pela operação incidente.
Além desses impostos, os bancos também podem pagar outros tributos, tais como o Imposto sobre Serviços (ISS) municipal, impostos sobre a propriedade, contribuições previdenciárias, entre outros.
Segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), a alíquota cheia dos bancos é de 45%.
Quais são os tipos de bancos?
Existem vários tipos de bancos que podem ser classificados de acordo com sua função, tamanho, área de atuação, controle acionário, entre outros critérios. A seguir, estão alguns dos principais tipos de bancos:
- Bancos comerciais: são os bancos tradicionais, que oferecem serviços bancários como contas correntes, empréstimos, financiamentos, investimentos, entre outros.
- Bancos de investimento: são especializados em oferecer serviços de assessoria financeira, gestão de recursos e investimentos em mercados financeiros, como a bolsa de valores.
- Bancos de desenvolvimento: essas instituições são públicas ou privadas que oferecem financiamentos e créditos para projetos de desenvolvimento econômico, como infraestrutura, agricultura e indústria.
- Bancos múltiplos: já essas instituições oferecem mais de um tipo de serviço bancário, como bancos comerciais que também oferecem serviços de investimento.
- Bancos digitais: esses bancos oferecem serviços bancários por meio de plataformas digitais, sem agências físicas. Além dessa característica, os bancos digitais também podem ser comerciais, de investimentos, etc.
- Bancos cooperativos: são instituições financeiras que pertencem a seus próprios clientes, os quais são também seus donos e participam de sua gestão e resultados. Esses bancos são voltados para o atendimento de um público específico, geralmente de pequenos empreendedores, cooperativas e associações. Um exemplo é a Sicredi.
- Bancos públicos: os bancos públicos podem ser qualquer um dos bancos acima. A sua diferença está no fato de ser controlado por algum tipo de governo como um município, estado ou país.
Esses são apenas alguns exemplos de tipos de bancos. Há muitas outras categorias de instituições financeiras, por exemplo, as corretoras de valores e instituições de pagamentos. Cada uma com suas próprias características e funções específicas.
A importância da contabilidade no combate ao crime contra o sistema financeiro
O crime contra o sistema financeiro é uma categoria de crime que envolve a prática de condutas ilegais que afetam o funcionamento e a estabilidade do sistema financeiro de um país.
Esses crimes podem ser cometidos por pessoas físicas ou jurídicas e geralmente envolvem o uso de artifícios fraudulentos para obter vantagens financeiras indevidas.
Entre os crimes contra o sistema financeiro mais comuns estão a lavagem de dinheiro, a evasão de divisas, a gestão fraudulenta de instituições financeiras, a emissão de cheques sem fundos, a falsificação de documentos financeiros, entre outros.
Esses crimes são considerados graves e são punidos com penas que variam de acordo com a gravidade e a natureza da conduta criminosa, podendo incluir multas, prisão e outras sanções legais.
A punição busca proteger o sistema financeiro e a economia do país, garantindo a integridade e a confiança no sistema.
Dessa forma, a contabilidade tem um papel fundamental não apenas para a saúde financeira dessas instituições, mas também de identificar possíveis tentativas de fraudes por meio de auditorias. Por isso, o contador deve ser um profissional atento à legislação e a qualquer regra definida por órgãos competentes e fiscalizadores.
A contabilidade bancária é difícil?
Não podemos negar que fazer relatórios contábeis e fiscais de uma instituição financeira não é mesma coisa que fazer de outra empresa qualquer. Afinal, estamos falando de empresas responsáveis por todo um sistema econômico do país.
Se o sistema financeiro de uma nação entrar em colapso é praticamente certo que todo o restante caia também. Portanto, a resposta para essa pergunta é sim e não.
É sim porque se trata de uma contabilidade bastante detalhada, fiscalizada e muitas vezes específica. Tendo que cumprir rigorosamente cada norma do Banco Central – com toda razão se diga de passagem. E é não porque o profissional de contabilidade está acostumado a lidar com vários tipos de relatórios, nomenclaturas, legislação e normas. Sendo assim mais fácil para entender toda a burocracia que envolve esse sistema, principalmente o regime tributário do Lucro Real.
Vale lembrar que instituições financeiras obrigatoriamente são do Lucro Real, um dos regimes que algumas vezes o contador evita devido a complexidade que faz parte dele.
E aí? Já pensou em fazer contabilidade para algum banco? Busque por cursos específicos no mercado, participe de eventos desse segmento e converse com colegas que já atuaram na área. Com certeza será fundamental para chegar lá!
Se você gostou desse conteúdo, compartilhe em suas redes sociais para que seus contatos também possam conferir.
Últimos posts