Nos últimos anos, o modelo de trabalho presencial perdeu espaço para o home office ― inicialmente por necessidade, mas depois por escolha. O que começou como uma medida emergencial durante a pandemia da COVID-19, hoje representa uma verdadeira revolução no mundo corporativo.
Com o retorno das atividades presenciais, muitas empresas esperavam que os colaboradores retomassem suas rotinas nos escritórios. No entanto, o que se viu foi um movimento crescente e surpreendente: profissionais de diversas áreas estão preferindo pedir demissão ou até mudar de carreira a abrir mão do trabalho remoto.
Esse comportamento não é isolado. Ele reflete uma mudança profunda no perfil dos profissionais e nas suas prioridades ― e é sobre isso que falaremos a seguir.
O profissional de hoje já não é o mesmo de antes de 2020. A pandemia acelerou mudanças de comportamento que já vinham sendo discutidas, mas que agora se tornaram realidade. Mais do que estabilidade ou salários altos, muitos trabalhadores passaram a priorizar qualidade de vida, flexibilidade de horários e autonomia no trabalho.
Segundo uma pesquisa divulgada pela Forbes Brasil em maio de 2025, 76% dos brasileiros afirmam que trocariam de emprego para evitar o retorno ao trabalho presencial. Esse dado revela uma mudança significativa no que os talentos esperam das empresas.
A lógica é simples: se o home office funciona, por que voltar? Para muitos, a rotina remota significa menos tempo no trânsito, mais proximidade com a família e ganhos reais em produtividade. Essa transformação deu origem a um novo perfil de profissional: mais consciente, exigente e disposto a abrir mão de antigos benefícios em troca de mais liberdade.
E é justamente esse novo mindset que está dando origem a um fenômeno inédito no mercado: os chamados “inimigos do presencial”.
O termo “inimigo do presencial” ganhou destaque recentemente para se referir a um grupo crescente de profissionais que recusam voltar ao modelo presencial, mesmo quando isso significa perder benefícios, estabilidade ou até o próprio emprego.
De acordo com uma matéria do G1 publicada em junho de 2025, há casos de trabalhadores que preferiram pedir demissão a comparecer fisicamente ao escritório ― exigência de muitas empresas após o fim da pandemia. O movimento é especialmente forte entre profissionais das áreas de tecnologia, comunicação, marketing e finanças, onde as funções podem ser realizadas integralmente de forma remota.
Já o Jornal Opção destaca que esse grupo é formado por pessoas com nível elevado de autogestão, que não enxergam mais sentido em estar presencialmente em um ambiente onde o controle é mais valorizado que a entrega. Para esses profissionais, presença física não é sinônimo de produtividade, e o retorno forçado ao escritório é visto como um retrocesso.
Além disso, há uma rejeição à perda de autonomia. Muitos relatam que voltar ao presencial significa abrir mão de uma rotina mais saudável, do tempo com a família, da prática de atividades físicas e até de hábitos alimentares melhores. Para eles, o custo de voltar ao escritório vai além do deslocamento: ele impacta diretamente na qualidade de vida.
Essa resistência não é apenas emocional, mas estratégica: profissionais qualificados sabem que têm opções ― e não hesitam em buscá-las quando a empresa ignora essa nova realidade.
A pandemia consolidou algo que antes era visto como um privilégio: a flexibilidade no trabalho. Hoje, ela é considerada por muitos profissionais um benefício tão importante quanto plano de saúde ou bônus anual ― e, para alguns, até mais.
Segundo dados divulgados pelo portal ABC do ABC, empresas que adotaram políticas rígidas de retorno ao trabalho presencial vêm enfrentando altas taxas de rotatividade. Muitos profissionais simplesmente não aceitam mais abrir mão da liberdade que conquistaram ao trabalhar de casa ― especialmente quando já provaram que conseguem manter (ou até melhorar) sua produtividade remotamente.
Esse novo cenário exige uma mudança de postura por parte das empresas. Flexibilidade deixou de ser diferencial competitivo e se tornou uma exigência básica. Quando a organização insiste em impor um modelo presencial sem diálogo, os talentos não pensam duas vezes em buscar alternativas mais alinhadas aos seus valores.
E não se trata apenas de trabalhar de casa todos os dias. Muitos profissionais se sentem satisfeitos com o modelo híbrido, desde que tenham a opção de escolher quando e por que ir ao escritório. O que eles rejeitam é imposição. A autonomia na tomada de decisão sobre a própria rotina se tornou uma das características mais valorizadas no novo mercado de trabalho.
Essa transformação também tem impacto direto nas estratégias de gestão de pessoas ― tema da próxima seção.
Com o crescimento da rejeição ao trabalho presencial e a valorização do home office, as empresas enfrentam um novo desafio: como manter seus talentos engajados, produtivos e, acima de tudo, presentes?
A verdade é que muitos líderes ainda tratam o modelo remoto como uma concessão temporária, e não como uma transformação definitiva. Essa resistência pode custar caro: segundo o ABC do ABC, o turnover aumentou significativamente em empresas que exigiram retorno integral aos escritórios.
Para reverter esse quadro, é fundamental adotar uma abordagem mais estratégica e centrada nas pessoas. Algumas práticas recomendadas incluem:
Empresas que estão adotando esse mindset já colhem resultados: maior retenção, mais engajamento e melhora na reputação como marca empregadora. Em um mercado competitivo e dinâmico, reconhecer que o modelo remoto veio para ficar é um passo essencial para atrair e manter os melhores profissionais.
Mas como será o futuro do trabalho? A seguir, exploramos as principais tendências que já estão moldando o cenário.
A discussão sobre o futuro do trabalho não gira mais em torno de “se” o remoto é viável, mas de “como” ele será estruturado daqui para frente. Para muitos especialistas, o modelo híbrido tende a ser mais adotado ― mas com flexibilidade real, e não apenas como um disfarce para o presencial obrigatório.
Segundo levantamento citado pela Forbes Brasil, o trabalho remoto ainda é o mais desejado por uma parcela significativa dos profissionais, mas 65% deles aceitariam um modelo híbrido se tivesse autonomia para escolher quando ir ao escritório. Isso mostra que a liberdade de escolha é a peça-chave na equação.
Empresas como XP, Nubank e Google já anunciaram medidas políticas definitivas de flexibilidade, permitindo que os colaboradores trabalhem de qualquer lugar, com visitas pontuais e intencionais ao escritório ― não obrigatórias. Ao fazer isso, essas organizações não apenas se adaptaram à nova realidade, como também atraíram uma nova geração de talentos altamente qualificados e exigentes.
Por outro lado, empresas que insistem em padrões rígidos correm o risco de ficarem para trás, não apenas na retenção, como em inovação, agilidade e reputação.
O futuro não será exclusivamente remoto ou presencial ― ele será moldado pela capacidade de adaptação de cada empresa.
O cenário atual deixa uma mensagem clara: o retorno ao presencial, quando imposto, pode custar caro às empresas. Profissionais mais conscientes de seu valor e das possibilidades do mercado não hesitam em pedir demissão ou mudar de carreira se sentirem que sua liberdade e qualidade de vida estão em jogo.
Essa nova realidade exige um olhar mais atento das lideranças. Ouvir, compreender e respeitar as preferências dos colaboradores deixou de ser um gesto de empatia e passou a ser uma estratégia de retenção de talentos.
Não se trata apenas de onde se trabalha, mas de como e por que se trabalha. Flexibilidade, autonomia, confiança e propósito se tornaram pilares do novo mundo corporativo ― e empresas que entenderem isso estarão muito mais preparadas para crescer, inovar e liderar.
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