Em um país que, em 2018, chegou a registrar mais de 30 milhões de trabalhadores formais, eu não seria o único que em um determinado momento da carreira – mesmo que ainda curta – passasse a buscar novas oportunidades no mercado de trabalho e mudar de emprego.
Os motivos que fazem um colaborador deixar a estabilidade na empresa em que trabalha e “começar do zero” em outra são várias. Mas uma das verdades é que as mudanças de fato estão acontecendo rapidamente e a maioria das empresas (ou líderes) não estão preparadas para isso.
Ter uma vida profissional próspera e saudável é que sempre desejamos para nossas carreiras. Em primeiro lugar, perceber o ambiente de trabalho, sua cultura, valores e o quanto está alinhado com as suas expectativas é fundamental.
Por isso, deixei elencado os principais sinais que indicam que é hora de mudar de emprego. Confira neste artigo!
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Mudanças no perfil dos colaboradores
Algumas décadas atrás, a maioria das pessoas estavam muito mais preocupadas em ter um emprego com um bom salário, comprar seu carro, casa própria e construir uma família do que garantir o que acho ser “qualidade de vida”. Posso dizer que os meus pais são umas dessas pessoas, mas há muitos que pensam assim. Não quero julgar, mas aproveito para que possa refletir junto comigo.
Hoje em dia, principalmente com a geração Y e Z ganhando cada vez mais o mercado de trabalho, os objetivos e motivações são outros. Queremos – pois me incluo nessa geração – bons empregos e bons salários sim! Por que não? Mas, muito mais que isso, queremos qualidade de vida, espaço para desenvolver projetos para as empresas e para o mundo. Pertencemos a uma geração que quer ser e não ter.
Pedir demissão
Mudar de emprego pode parecer uma decisão difícil, mas algumas vezes é necessário. Afinal, não é saudável para você nem para a empresa ficar em meio ao desconforto de não estar mais realizando o que gostaria ou deveria fazer.
Baseado com algumas experiências que já vivi, listei 5 sinais que indicam que o momento de pedir as contas ao seu chefe pode ter chegado.
1) Não conseguir mais se ver na cultura da empresa
Começo com esse sinal, porque acho ele um dos mais importantes. Estar em uma empresa onde você não se sente mais à vontade com a cultura dela é o mesmo que estar em uma festa que só toca músicas que você não gosta.
Quem ainda não entende bem sobre a cultura de uma empresa, posso dizer que é um conjunto de características e ações que identificam a organização, desde estratégias até o modo como as pessoas se apresentam.
É normal que, no começo, quando você está conhecendo melhor a empresa e seus líderes/chefes, não perceba de cara as características da cultura organizacional. Normal! Porém, assim que perceber que esses valores e ações não batem com as seus, já pode começar a cogitar em ter uma conversa com seus líderes antes de tomar uma decisão. Afinal, existem empresas que estão dispostas a mudar alguns pontos para evoluir com algumas mudanças, mesmo que isso mexa na sua cultura.
As vestimentas é um exemplo de cultura
A empresa em que trabalhava, tinha a cultura de usar roupas sociais, com direito ao conhecido “pano passado”: paletó e gravata. Obviamente, o perfil da empresa, que lidava com um público mais corporativo, precisava seguir mais esse tipo de traje, mas mesmo entendendo isso não significava que eu me sentia bem.
Imagina em umas das cidades mais quentes do Brasil, você trabalhar quase empacotado e ainda ter que lidar com o “tira e põe” da camisa pra dentro da calça cada vez que sentava e se levantava. Pode parecer bobagem, mas me sentia desconfortável e basta algum desconforto para tirar toda a concentração.
Atualmente, onde trabalho a única regra é não utilizar bermudas, porque, afinal, a empresa ainda recebe bastante clientes do país inteiro em seu escritório. Ainda assim, há setores em que o “no dress code” já é adotado por completo.
Ou seja, no dia que eu quiser ir de moletom e a minha camisa do Mickey que tanto amo, não serei obrigado a voltar para casa. Ou seja, em sua cultura, prega-se a igualdade e liberdade de ser quem e como quiser.
A forma de pensar e agir
Existem empresas, por exemplo, que são formadas por homens, em sua maioria, e a chance de ouvir comentários machistas existe. Se você é do tipo que se importa com isso, assim como eu, com certeza não deve ser um lugar bom para você. E posso falar: para ninguém!
Portanto, veja o que faz não se encaixar com a cultura da empresa, reveja seus valores pessoais e analise se não existe um conflito entre você e ela. Se existir, procure outro lugar, mais fácil conseguir outro emprego que se encaixa com você do que mudar a cultura de uma organização.
Importante poder trabalhar em uma empresa em que podemos conviver com todos os tipos de pessoas. Não existe preferências por sexo, cores, religião ou orientação sexual. Esse tipo de cultura me faz trabalhar com conforto e segurança me tornando mais produtivo e disposto durante toda a semana.
2) Ter um chefe e não um líder
Muito se discute a diferença entre chefe e líder. Alguns autores falam de forma resumida que chefes mandam e líderes faz junto com você.
De um modo geral, o líder está preocupado com os resultados da organização e como unir as mãos com seus colaboradores para chegar até lá. Enquanto os chefes não se preocupam com o desenvolvimento da equipe, nem da empresa, mas apenas o com seu próprio.
Desenvolver um colaborador não é só encher ele de treinamentos, mas envolve conversas de carreira, feedbacks verdadeiros entre pares e, principalmente, dar oportunidade para novos desafios, sempre acompanhado de orientações.
Se você percebe que o seu líder é reconhecido como um chefe e não consegue ver um crescimento na empresa devido algumas limitações, por favor, atualize o currículo e procure um lugar que vai te fazer crescer, enxergar e potencializar suas habilidades.
3) Não ter qualidade de vida
É comum muitas empresas exigirem tanto do colaborador que ele acaba ficando sem tempo para cuidar de si.
Hoje em dia, com o ritmo acelerado que vivemos, precisamos cuidar de nós mesmos. Ir no médico mesmo sem estar doente, sair com os amigos antes do estresse bater, dedicar mais tempo para a família e para o namorado(a) ou esposo(a). Para tudo na vida é preciso um equilíbrio e o seu líder tem de entender isso.
Muitas empresas, atualmente, não há expediente nos sábados por exemplo. Outras tem a carga horária reduzida e oferecem frutas, lanches e espaços de descontração, estimulando os colaboradores a terem um ambiente harmonioso, saudável e descontraído enquanto trabalham.
Um dias desses, enquanto trabalhar até tarde, minha diretora saiu de uma reunião e disparou: “vão para casa, pessoal, pelo o amor de Deus! Vão dormir, namorar ou fazer qualquer outra coisa, porque gente criativa precisa descansar”. Esse dia foi um dos momentos mais engraçados e mais definitivos para saber que fiz a escolha certa.
Claro que você não vai encontrar a empresa perfeita e dos sonhos. Todas tem suas limitações, regras, prioridades e resultados a serem entregues. Precisamos entender e nos adaptar em muitas delas, como em um relacionamento amoroso.
O importante é saber o quanto esse ambiente pode te fazer feliz, te proporciona momentos felizes e te ajudar a ser mais feliz! A felicidade é a régua para você ter mais paz e tranquilidade em todas as ações que faz dentro da empresa (e na vida, claro).
4) Receber menos do que deveria
Claro, esse não poderia ficar de fora. É mais comum do que se imagina empresas serem conhecidas por pagarem mal (geralmente, essas são as que cobram mais de você) e não ter um plano de carreira adequado com seus colaboradores.
Muitos irão dizer que você não deve olhar para o salário e, sim, pela oportunidade de crescimento profissional e o reconhecimento (ou “elogios”) que a empresa te dá pelo bom trabalho. Desculpe-me os que pensam assim, mas não concordo com apenas essas formas de gratificação.
Ser elogiado e reconhecido é de fato umas das principais atitudes para motivar um colaborador, mas apenas elogios não pagam contas e nem dão qualidade de vida. Os dois precisam caminhar juntos para que no final todos saiam ganhando.
Se a sua empresa não lhe reconhece financeiramente, mais uma vez, atualize seu currículo e busque novas oportunidades. Afinal, se você recebe tantos elogios por ser um ótimo profissional, você também merece receber por isso.
Cuidado com a contraproposta
Uma vez uma executiva de uma enorme companhia aérea me disse a seguinte frase> “Mano, quando o profissional é bom, ele precisa estar dentro de um salário ideal porque uma coisa puxa a outra. E mais: quando pedir demissão, jamais deveria aceitar uma contraproposta, pois a empresa não deve valorizar somente quando perde”.
Portanto, se a empresa oferecer uma contraproposta de salário para você ficar, pense bem! De imediato, ela vai resolver seu salário, mas os 4 sinais anteriores, certamente, continuarão existindo.
5) Não ter liberdade para opinar e inovar
Para finalizar, digo que se você tem opiniões importantes sobre determinados trabalhos, mas não consegue a liberdade para defender, está na hora de analisar as vagas disponíveis no mercado.
É fundamental que seus líderes reconheçam sua expertise no que faz e ouvir sua opinião é uma forma de lhe dar a oportunidade de crescer profissionalmente, pois assim consegue tomar atitude em algumas decisões passando a ser mais analítico e seguro.
Uma das coisas que mais motiva as pessoas é poder ser ouvido na hora de traçar novas estratégias para a empresa. A liberdade de trazer coisas novas para a organização deve ser dada sem resistência.
Empresa e colaborador é como um casamento
Como falei mais acima, o seu relacionamento com a empresa deve ser encarado da mesma forma como um relacionamento amoroso. É um vínculo que não merece ser quebrado, a não ser que um das partes não estejam mais de acordo. O jeito mais fácil de saber se é o momento de trocar de emprego, é respondendo as seguintes perguntas:
- Eu me identifico com a empresa?
- Eu me identifico com meus líderes?
- Estou conseguindo ter equilíbrio entre trabalho, família e lazer?
- Estou crescendo profissionalmente e meus líderes me dão feedbacks para possíveis promoções?
- Meu líder me encoraja com novos desafios e me orienta?
Se pelo menos três respostas forem “não”, talvez trocar de emprego seja uma decisão que lhe fará feliz. E estar feliz no trabalho é sinal de que a maioria dos sinais acima não existem e você trabalha em uma empresa que realmente se preocupa com você.
Independente de qualquer situação, a minha dica é que sempre saia de qualquer empresa deixando as portas abertas e seja grato às pessoas pelo que aprendeu enquanto esteve lá. Afinal todas as experiências nos traz conhecimentos novos que levamos para a vida toda.