Entre as atribuições do RH de uma corporação, uma das mais importantes é a de garantir a saúde mental nas empresas, por meio da criação de um ambiente de trabalho mais saudável.
Para garantir um bom clima organizacional, é essencial que todos estejam unidos em prol desse objetivo, uma vez que a saúde mental traz inúmeros benefícios que são sentidos não só financeiramente, mas produtivamente também.
Com essa união, é possível criar estratégias e, consequentemente, uma cultura que seja voltada para a conquista do equilíbrio mental dos colaboradores, tornando o local melhor para trabalhar e garantindo excelentes resultados.
Para entender mais sobre como o RH pode atuar na criação e manutenção da saúde mental nas empresas, além de saber como isso contribui na tomada de decisões estratégicas, selecionamos alguns tópicos que ajudam a esclarecer a questão.
Continue a leitura para saber mais!
O que é saúde mental?
O controle da saúde mental nas empresas é um dos pontos de atenção mais importantes para o setor de Recursos Humanos de uma companhia. Mas qual é exatamente o conceito de saúde mental?
Não existe uma definição precisa, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Entretanto, de acordo com o Hospital Albert Einstein, o conceito é uma forma de mostrar como uma pessoa reage às situações do cotidiano e às mudanças da vida.
A qualidade da saúde mental, então, está associada ao bem-estar e à tranquilidade de um indivíduo ao que acontece ao seu redor, ou seja, como ele reage às situações.
Antigamente, o termo era associado apenas às doenças e transtornos mentais, em um sentido negativo, como algo distante da maioria das pessoas.
Entretanto, hoje já se sabe que qualquer pessoa pode apresentar algum tipo de desequilíbrio de ordem mental em algum momento da vida e que isso é diferente de sentimentos como tristeza ou decepção, por exemplo. Esses são sentimentos que podem ser experimentados diariamente sem que interfiram na ordem mental de um indivíduo.
Existem atualmente, segundo a OMS, existem em torno de 200 formas classificadas como doenças ou transtornos mentais. Essas formas podem variar de grau, começando em tipos leves e podendo chegar a formas mais graves, afetando as pessoas, suas famílias e seu trabalho de maneiras variadas.
Para quem ainda acredita que esse é um tema distante das empresas ou que não é importante o suficiente para ser trabalhado no RH das organizações, temos um dado que pode mudar esta perspectiva.
Estima-se que uma em cada 4 pessoas será diagnosticada com algum transtorno psicológico em algum momento da vida, segundo uma pesquisa feita pelo Centro Nacional de Pesquisa Social da Inglaterra.
O papel do RH também é ajudar a diminuir essa porcentagem na empresa, uma vez que um funcionário que não esteja se sentindo bem mentalmente afeta não só o seu trabalho, mas pode prejudicar toda uma equipe, afetando negativamente o ambiente de trabalho.
Outra função importante do setor de Recursos Humanos é conscientizar acerca da origem de doenças psicológicas, já que ainda há muito preconceito e falta de conhecimento sobre o assunto.
Ainda de acordo com a pesquisa do Centro Nacional de Pesquisa Social, que citamos anteriormente, estima-se que um quinto da população ainda acredite que as causas para transtornos psicológicos seja a falta de autodisciplina e de força de vontade da pessoa que está acometida.
Esse tema é ainda mais importante aqui no Brasil, pois já somos conhecidos como o país com mais pessoas ansiosas no mundo, segundo dados da OMS.
É importante também lembrar que só o poder do pensamento não cura doenças simples como gripes, então, também não irá, sozinha, fazer que um colaborador que não esteja se sentindo psicologicamente volte para seu estado saudável.
É preciso que haja um trabalho multidisciplinar, muitas vezes envolvendo gestores, psicólogos, psiquiatras e outros profissionais para resolver a questão. O treinamento de líderes, por sua vez, é especialmente importante nesse contexto.
Para entender melhor qual a importância do cuidado com a saúde mental nas empresas, continue a leitura do próximo tópico!
Qual a importância do cuidado com a saúde mental dos colaboradores?
Houve um tempo em que o cuidado com a saúde, não só mental dos funcionários, era totalmente ignorada. As empresas só avaliavam a produção, não garantiam a salubridade dos locais de trabalho e nem mesmo se a quantidade de horas trabalhadas afetavam ou não a produtividade das equipes.
O resultado disso era que o trabalho não era otimizado, ou seja, as pessoas só iam trabalhar por necessidade e, muitas vezes, por não se sentir parte integrante da companhia, não davam o seu melhor. Como consequência desse tipo de pensamento, os funcionários não produziam tanto e o faturamento das empresas poderia ser melhor.
É inegável que era necessário mudar essa perspectiva, uma vez que as pessoas ficam em torno de um terço de suas vidas no local de trabalho, produzindo e pensando em como aumentar sua produtividade. Ter um bom ambiente de trabalho era essencial não só para as empresas, como também para quem trabalha nelas.
Assim, com o surgimento do RH e da gestão de pessoas, esse conceito foi mudando aos poucos. As empresas perceberam que investir na criação de um clima organizacional mais saudável melhorava não só a rentabilidade como também a tornava mais lucrativa, já que garantia benefícios indiretos como o endomarketing e menor turnover.
Os profissionais mais qualificados passaram a considerar o ambiente de trabalho um fator importante para escolher em qual local trabalhar, além de passar mais tempo na mesma empresa, diminuindo os custos com rescisões, recrutamento, seleção e treinamento.
O aumento da conscientização sobre doenças que afetam a mente, como a Síndrome de Burnout, depressão e ansiedade, fizeram com que mais empresas implementassem estratégias para evitar o estresse, a pressão ou qualquer outro tipo de fator psicológico que pudesse desencadear tais doenças em seus funcionários.
Como a saúde mental pode afetar a maneira com que as pessoas trabalham — que pode ir de um quadro mais leve até um modo mais grave, por exemplo, impedindo o funcionário de trabalhar—, gera problemas variados para o RH.
Essas dificuldades incluem desde um gerenciamento de conflito na equipe, a queda de produtividade ou, até mesmo, um recrutamento e seleção feito às pressas, por necessidade de afastamento urgente do colaborador.
Independentemente do tipo de ação que o RH deve adotar, a queda da saúde mental na empresa gera gastos financeiros não estimados, diminuindo não só a rentabilidade da companhia, como também a da produtividade das equipes.
Por isso, o RH deve atuar em conjunto dos gestores de cada setor, para que saibam como lidar com as diversas situações comuns do trabalho. Isso ajuda a monitorar a saúde de cada colaborador, a deixar o ambiente mais fácil para o convívio e para o trabalho entre as pessoas.
Saber gerenciar equipes é sempre um desafio, já que cada pessoa tem uma personalidade, um jeito de pensar e de agir sobre determinadas situações. Por isso, o RH também pode contribuir com os gestores no sentido de orientá-los a como tomar as melhores decisões, levando em consideração não só os resultados, mas também a saúde mental da sua equipe.
Como dissemos, somos o país mais ansioso do mundo, desde 2017, mas o cenário de pandemia e das crises financeiras e políticas também não contribui para a melhoria da saúde mental nas empresas brasileiras.
De acordo com uma pesquisa chamada Convid Comportamentos, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz, pela Unicamp e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em torno de 40% dos brasileiros se sentiram tristes ou depressivos em algum momento da pandemia.
Estima-se que uma das causas para esse resultado tão negativo com relação à ansiedade no Brasil é devido à desinformação e à estigmatização com relação ao tema, fazendo com que os brasileiros detectem o problema muito tarde ou, até mesmo, nunca busquem ajuda.
Com isso, todo o contexto social em que participam é afetada, no círculo familiar e de amigos, incluindo o trabalho, podendo gerar problemas como os que mencionamos.
Muitas vezes, o trabalho é ainda mais afetado, uma vez que há profissionais que associam o esforço laboral diretamente ao surgimento de desordens psicológicas. Isso foi comprovado por meio de uma pesquisa realizada por uma parceria entre a 4CO, uma consultoria especializada em cultura organizacional e a Universidade de São Paulo (USP).
Segundo os dados coletados, 78% dos entrevistados afirmaram que o trabalho — ou a falta dele — contribuiu diretamente para o adoecimento psicológico. Esse valor é ainda maior entre as mulheres negras, chegando ao percentual elevadíssimo de 85%.
Isso torna ainda maior a necessidade do RH atuar em parceria com os setores e, principalmente, como os gestores das equipes, visando manter um bom clima organizacional e impedindo que fatores externos atinjam a produtividade da empresa.
Por tudo isso, a saúde mental é um dos maiores desafios médicos do século XXI e, consequentemente, para as empresas e o setor de Recursos Humanos.
Quais os riscos que um ambiente de trabalho não-saudável pode trazer?
Se o ambiente externo não está favorável para o fortalecimento da saúde mental dos colaboradores, é ainda mais importante estimular um bom clima dentro da empresa.
Episódios como assédio moral e pressões desnecessárias podem tornar o ambiente tóxico e, com isso, diminuir a produtividade das equipes. Como citamos, o RH tem papel essencial para o equilíbrio mental dos funcionários.
Na maioria das vezes, simples ações no intuito de melhorar a comunicação interna geram grandes melhorias no ambiente de trabalho.
Mas o que pode acontecer caso não haja um controle do ambiente de trabalho, no sentido de garantir um bom clima organizacional?
Uma das melhores formas de medir o impacto de um ambiente ruim está nos números de pedidos de afastamento do trabalho. O número de faltas também pode ser um outro bom modo de medir a saúde mental.
Ainda que algumas empresas tenham o pensamento de que os gastos com RH são altos e desnecessários, e evitam, por exemplo, criar campanhas ou projetos voltados para a saúde mental nas empresas, é preciso mostrar que o custo com a perda de produtividade, faltas e afastamentos é maior que qualquer gasto no sentido preventivo.
Para se ter uma ideia, uma pesquisa feita pela Agência de Saúde e Segurança no Trabalho, do Reino Unido, calculou que durante um ano, houve uma perda de 23,5 milhões de dias úteis por motivos como estresse, depressão e ansiedade, que são as doenças psicológicas mais comuns.
Já um estudo japonês, elaborado em 2018, estimou uma perda de 520 dólares por colaborador, por ano, só por faltas no trabalho. Esse número é ainda maior quando se pensa no chamado presenteísmo, que é a redução da performance de um colaborador.
Segundo a mesma pesquisa, esse valor pode chegar em torno de 3.055,00 dólares ao ano. Convertendo para o nosso Real, o número pode ser algo entre R$15.275,00 a R$16.802,00 por colaborador, anualmente.
Se esses números ainda não assustarem os líderes da empresa, existe mais uma pesquisa que pode ajudar a mostrar a importância de auxiliar o RH na construção de uma ambiente mais saudável mentalmente.
Segundo a Deloitte inglesa, o retorno sobre o investimento em ações corretivas que objetivam melhorar a saúde mental no trabalho é de 5 para 1. Ou seja, a cada um real investido nisso, há um retorno de 5 reais.
Esse retorno é ainda maior quando o comparativo é sobre ações preventivas, como treinamentos e campanhas de conscientização. O retorno é de 8 para 1, o que mostra que vale muito a pena investir na saúde mental nas empresas.
Esses dados coletados nas pesquisas só demonstram a importância do monitoramento da saúde dos funcionários. Eles também ajudam na percepção do papel fundamental que o RH tem na construção de um ambiente de trabalho melhor e que gera, por consequência, melhores resultados para a empresa.
Para esclarecer como o RH pode atuar para melhorar a saúde mental nas empresas, elaboramos o próximo tópico.
Quais as dicas para o RH poder criar um ambiente com mais saúde mental nas empresas?
Para obter bons resultados, é preciso trabalhar com planejamento e saber que os resultados vêm a longo prazo. Por isso, separamos algumas dicas que ajudarão a conquistar esse objetivo de maneira consistente e progressiva. Acompanhe!
Elabore um plano de carreira na empresa
A falta de perspectiva e a estagnação podem fazer com que o colaborador se frustre e pare de produzir em alto nível, por não enxergar melhoria na sua trajetória profissional. Por isso, a criação de um plano de carreira é uma maneira interessante de melhorar a saúde mental nas empresas.
Além disso, ter um plano de carreira também pode trazer outros benefícios, como diminuição da rotatividade de funcionários e a retenção dos melhores talentos na empresa.
Durante a apresentação do plano de carreira, também é essencial deixar claro quais os critérios utilizados para a ascensão nos cargos. A falta de clareza, assim como a falta de comunicação, podem ser fatores que desencadeam ansiedade nos profissionais da companhia.
Sabendo o que é preciso fazer para conquistar um novo cargo melhor, os funcionários conseguem se planejar melhor e, inclusive, torcer por seus colegas, gerando um ambiente de trabalho mais saudável.
Veja abaixo alguns itens que podem ser considerados na hora de elaborar um plano de carreira:
- tempo empregado na companhia;
- títulos acadêmicos;
- participação em treinamentos realizados na empresa;
- desempenho nas atividades;
- quantidade de metas alcançadas etc.
Identifique as lacunas nos processos e nos talentos
O RH deve ser responsável por mapear os pontos fracos e fortes de cada funcionário na empresa, por meio de uma gestão comportamental, identificando quais os potenciais problemas que uma equipe pode apresentar, pela ausência de determinado ponto forte entre seus membros, por exemplo.
Além desse ponto positivo, isso também ajuda os colaboradores a entenderem onde eles devem melhorar e de que forma, contribuindo para saúde mental deles. Isso pode ser realizado por meio de treinamentos e formações internas, com o intuito de eliminar esses obstáculos.
Um terceiro ponto positivo é poder identificar as hard skills e soft skills para desenvolver e qualificar as equipes.
Outra vantagem desse mapeamento é a redução de gastos com recursos humanos, já que isso também ajuda na minimização do turnover. Por ser uma ação preventiva, se encaixa no ROI de 8:1, que mencionamos no tópico sobre riscos.
Ainda mencionando pontos positivos dessa ação, os funcionários também se sentem mais valorizados enquanto seres humanos, pois são ouvidos e, o melhor de tudo, têm o feedback sobre suas impressões, seus talentos e pontos de melhoria.
Invista no treinamento sobre feedbacks
Falando em feedback, ele é essencial para a melhoria da saúde mental e contribui para um clima organizacional melhor, desde que bem feito.
O contrário também é real: um péssimo feedback pode acabar com qualquer chance de melhoria de um funcionário, resultar em afastamento e, até mesmo gerar um clima tóxico entre os membros de uma equipe.
Por isso, também é necessário investir em treinamentos sobre feedback, principalmente entre os líderes da empresa, para que eles saibam conduzir as situações da melhor forma, esclarecendo o que é esperado dos funcionários, mas sem deixá-los para baixo.
Os colaboradores, em geral, também precisam de treinamento sobre como receber feedbacks, já que podem levar as críticas (caso existam) sobre seu trabalho para o lado pessoal, confundindo ou piorando sua autoestima e autoconfiança, ou mesmo criando atritos desnecessários com seus líderes.
Crie um bom plano de comunicação interna
O feedback é uma das formas de comunicação mais essenciais para o crescimento de uma companhia e das equipes, mas não é a única. Por isso, é também necessário investir em um bom plano de comunicação interna.
Isso garante que todos da empresa se sintam à vontade para emitir suas opiniões sobre determinados tópicos, tornando a organização mais confiante aos olhos dos seus funcionários. Com isso, eles sabem que têm voz e que caso suas opiniões façam sentido, serão acatadas.
Caso haja algo ao contrário, também serão informados da decisão da companhia, sem que sofram algum tipo de perseguição interna, por exemplo.
Assim, a empresa torna-se mais transparente aos olhos de todos, que se sentem mais confiantes em continuar trabalhando nela e sem afetar o clima da corporação.
Outra vantagem do plano de comunicação interna é o estabelecimento de como as informações inerentes ao trabalho serão disponibilizadas e quais pessoas terão acesso a elas, dependendo do nível de interesse nos dados. Líderes, por exemplo, têm acesso à maior quantidade de dados por ser algo necessário à sua função.
Hoje, já existem inúmeras ferramentas e softwares que facilitam a comunicação interna e as tornam mais claras aos participantes de um projeto. Além de acelerar os processos, elas também evitam situações em que algumas pessoas sentem que certas informações não estão sendo compartilhadas, criando um sentimento de que há grupos que têm vantagens sobre outros membros da equipe.
Descubra e invista nos melhores benefícios
Já se sabe que o plano de carreira é uma das melhores formas de melhorar a saúde mental nas empresas, mas o aumento de salário não é a única maneira de recompensar um bom colaborador.
Para isso, deve-se levar em consideração também a inclusão de benefícios, que podem ser usados dentro de um plano de carreira de diversas maneiras. Geralmente, eles são usados para presentear quem alcançou uma meta especial.
Esses benefícios podem ser desde alguns que envolvam lazer para o funcionário e sua família, como ingressos para shows ou jantares, como também uma massagem ou um dia no SPA, por exemplo.
A inclusão de benefícios que envolvam lazer são especialmente importantes para a melhoria da saúde mental dos colaboradores, uma vez que nem todos conseguem disponibilizar uma parte do seu salário para tal área.
Além disso, os funcionários automaticamente se sentem valorizados e reconhecidos, gerando um clima positivo dentro da empresa.
Criar uma estratégia de gestão da saúde
O RH precisa monitorar a saúde mental dos funcionários, elaborando planos de inspeção das equipes, identificando possíveis membros que não estejam em pleno equilíbrio de suas emoções e, assim, conseguirem atuar de maneira preventiva em possíveis problemas.
Como é possível perceber, o papel do RH é fundamental para a construção de uma boa saúde mental nas empresas, contribuindo não só para a melhoria de vida dos funcionários, como também para os resultados da empresa.
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