Gestão contábil

O que é o Índice de Basileia? Entenda melhor sobre ele!

5 minutos de leitura

Sempre que um cliente vai pegar dinheiro emprestado em um banco, acaba sendo submetido a uma análise criteriosa de crédito. Mas essa avaliação também pode ser feita ao contrário, por meio do Índice de Basileia.

Ou seja, o cliente também pode analisar se o banco que ele deposita seu dinheiro é seguro ou não.

O sistema financeiro de um modo geral é considerado seguro. Mas alguns bancos podem estar submetidos a riscos maiores, e portanto, não serem a melhor opção para efetuar depósitos.

Quer entender melhor do que se trata a Basileia? Então continue a leitura! Pois esse índice é ideal para clientes de bancos, analistas financeiros, e principalmente, contadores.

Lembre-se que os contadores são responsáveis por balanços contábil, financeiro e fiscal. E dessa forma, ajudam a definir o quanto um banco é seguro.

O que é o Índice de Basileia?

O Índice de Basileia, também conhecido como Acordo de Basileia, é um conjunto de regras e regulamentos internacionais que estabelecem requisitos mínimos de capital que os bancos devem manter em relação aos seus ativos.

Esses requisitos de capital foram desenvolvidos pelo Comitê de Basileia de Supervisão Bancária, que é composto por representantes de autoridades de supervisão bancária de todo o mundo.

O objetivo do Índice de Basileia é garantir que os bancos tenham capital suficiente para cobrir as perdas decorrentes de riscos operacionais, de crédito e de mercado. Isso ajuda a promover a estabilidade financeira e a reduzir o risco de falência dos bancos.

Fazendo uma conta bem simples: se uma instituição financeira tem Basileia de 15%, significa que a cada R$ 100,00 que ela tem emprestado, os acionistas tem R$ 15,00 como forma de patrimônio no banco.

O índice estabelece um nível mínimo de capital que os bancos devem manter em relação aos seus ativos ponderados pelo risco. Atualmente, a exigência mínima internacional é de 8%. Ou seja, na prática só é necessário se preocupar se um banco tiver o índice abaixo desse mínimo exigido.

Como surgiu o Índice de Basileia?

O Comitê de Basileia foi criado em 1974 pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS), que é uma organização internacional que promove a cooperação monetária e financeira entre os bancos centrais e outras autoridades monetárias.

o Índice de Basileia é o resultado de uma série de acordos e revisões ao longo dos anos. O primeiro acordo, conhecido como Basileia I, foi introduzido em 1988 e estabeleceu as primeiras exigências mínimas de capital para os bancos.

Em 2004, o Comitê de Basileia introduziu o acordo conhecido como Basileia II, que definiu uma abordagem mais sofisticada para a avaliação do risco bancário e estabeleceu novas exigências mínimas de capital.

E em 2010, após a crise de 2008, foi feito o acordo Basileia III, que aumentou ainda mais as exigências de capital e introduziu outras medidas destinadas a melhorar a solidez das instituições financeiras.

Principais medidas da Basileia III

O acordo de Basileia III é uma atualização das regras estabelecidas no acordo de Basileia II e tem como objetivo fortalecer a resiliência do setor bancário e reduzir o risco de crises financeiras globais.

Entre as principais medidas definidas na Basileia III, destacam-se:

  • Exigência de capital mais rigorosa: os bancos devem manter um capital mais robusto para suportar riscos inesperados e choques do mercado. A exigência mínima de capital de nível 1 foi aumentada de 4% para 6% dos ativos ponderados pelo risco. Assim como a reserva de 7% do seu faturamento para o fundo de proteção contra crises.
  • Buffer de capital contra choques cíclicos: os bancos devem manter um buffer adicional de capital quando a economia está crescendo acima do normal, para proteger contra o excesso de risco de crédito.
  • Padrões de liquidez mais rigorosos: os bancos devem manter uma quantidade suficiente de ativos líquidos para atender a possíveis saídas de caixa em momentos de estresse financeiro.
  • Requisitos de alavancagem: os bancos devem manter um nível mínimo de capital em relação a seus ativos não ponderados pelo risco, a fim de limitar a alavancagem excessiva.
  • Exigências de transparência e relatórios: os bancos são obrigados a divulgar informações mais detalhadas sobre seus ativos, riscos e estrutura de capital.

As informações detalhadas podem ser consultadas neste arquivo do Banco Central Brasileiro.

Qual a Basileia dos principais bancos brasileiros?

Antes de mais nada, é importante destacar que os bancos brasileiros devem seguir à risca cada norma e regra estabelecida pelo Banco Central do Brasil, conhecido por ser muito exigente. Por isso, o sistema financeiro por aqui é considerado bastante seguro e eficiente.

Por incrível que pareça, as instituições financeiras brasileiras contam com um sistema mais eficiente que muitos países desenvolvidos. Portanto, o Brasil serve de exemplo para o mundo.

Mas como no mundo capitalista não existe risco zero, é importante sempre acompanhar os índices das nossas instituições.

Dessa forma confira o último Índice de Basileia dos principais bancos aqui do Brasil:

  • Itaú: Basileia de 14,7%
  • Bradesco: Basileia de 15,8%
  • Banco do Brasil: Basileia de 16,7%
  • Caixa Econômica: Basileia de 18,4%
  • Santander Brasil: Basileia de 14,4%
  • Nubank: Basileia de 17,7%
  • Banco Inter: Basileia de 29,8%
  • Banco Safra: Basileia de 12,3%
  • BTG Pactual: Basileia de 15,2%

As informações acima foram extraídas do Banco Central e do Banco Data!

O bancos brasileiros podem ser considerados seguros?

Levando em consideração que o mínimo exigido pelo Índice de Basileia no mundo é de 8%, e aqui no Brasil é de 11%, podemos conferir acima que os principais bancos do nosso país estão fazendo o dever de casa e se colocando na lista de instituições consideradas seguras.

Enquanto isso, o regulamento nacional aplica uma exceção para os bancos de cooperativas. Esses devem ter uma Basileia de pelo menos 13%.

Já uma curiosidade é que muitos questionam a segurança financeira dos bancos digitais. Mas como pudemos observar, se tratando exclusivamente da Basileia, o Nubank e o Banco Inter estão com porcentagens até maiores que bancos tradicionais como Itaú, Bradesco e Banco do Brasil.

Dessa forma, não há porque ter medo dos banco digitais sem uma motivo aparente.

Índice de Imobilização

Certamente, não podemos falar de Índice de Basileia sem falar do Índice de Imobilização.

Diferente da Basileia que quanto maior melhor, o Índice de Imobilização precisa ser cada vez menor para ser considerado bom.

Isso acontece porque ele mede quanto a instituição tem investido em bens sem liquidez imediata. Alguns exemplos desses investimentos são imóveis, terrenos, materiais, etc. O principal motivo disso é pelo fato de que diante de uma emergência financeira, o banco não conseguiria levantar dinheiro rapidamente com a venda desses bens.

A porcentagem máxima tolerada pelo Banco Central do Brasil em relação à Imobilização é de 50%.

Qual a relação da Basileia com a contabilidade?

Embora a contabilidade não esteja diretamente relacionada ao cálculo do índice de Basileia, as informações contábeis são fundamentais para que sejam apurados os valores que compõem essa medida.

Como já vimos, o Índice de Basileia é calculado a partir da relação entre o patrimônio líquido e o valor ponderado dos ativos de um banco, onde os ativos ponderados são aqueles que possuem maior risco de crédito. Nesse sentido, as informações contábeis fornecem os dados necessários para que sejam identificados e quantificados os ativos e passivos do banco, bem como o seu patrimônio líquido.

A contabilidade também tem um papel fundamental na elaboração das demonstrações financeiras das instituições, que são utilizadas para avaliar a sua saúde financeira e a sua capacidade de honrar os compromissos. É aqui que entra a contabilidade bancária!

Essas demonstrações incluem informações sobre o patrimônio líquido, ativos e passivos, bem como sobre a performance financeira do banco ao longo do tempo, permitindo assim uma avaliação mais precisa e confiável da solvência e estabilidade da instituição.

Além disso, o contador que atende investidores também precisa entender o bom funcionamento dos bancos para orientar seus clientes onde investirem com mais segurança. Seja em relação a plataforma de corretagem ou na compra de ações de algumas instituições financeiras de capital aberto.

E aí? Gostou de saber o que é o Índice de Basileia? Espero que este conteúdo tenha lhe ajudado a entender um pouco mais sobre o mundo dos bancos.

Compartilhe em suas redes sociais e ajude outras pessoas a entenderem sobre o tema.

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Mano Marques

Analista de Marketing na Fortes Tecnologia, especialista em Inbound e Marketing de Conteúdo. Planeja, produz, analisa e faz a curadoria de conteúdos para os profissionais de contabilidade, assim como para empresários que buscam dicas de gestão e negócios para alavancarem os resultados das suas empresas. Trabalha ao lado de especialistas em gestão contábil e empreendedorismo para trazer temas relevantes ao mercado.

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