Tendência da robótica na contabilidade: o que há de fato?

Tendência da robótica na contabilidade: o que há de fato?
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Já há algum tempo o setor contábil tem abandonado a antiga forma de registrar e armazenar informações, otimizando suas ações por meio de tecnologias e sistemas. Trabalhos que antes eram feitos manualmente estão sendo substituídos, garantido maior agilidade na realização das tarefas diárias.

Nesse panorama ainda recente, a chegada de uma nova tecnologia ao setor promete mais eficiência no gerenciamento e cumprimento dessas tarefas: a Robotics Process Automation, RPA, ou automação de processos realizada com a ajuda de um robô, que pensa e executa todas as ações.

Alguns aplicativos já são oferecidos pelo mercado.  Desenvolvidos a partir de uma base de dados, os softwares criam robôs com inteligência artificial para desempenhar tarefas e capazes de prever, antecipar e reagir rapidamente a diversas situações, acompanhar o desenvolvimento mercadológico, ou mesmo da economia global.

Os bots – diminutivos de robot – como são chamados esses softwares, são constantemente alimentados por informações, aprendem com o comportamento do usuário e tornam-se cada vez mais eficientes, capazes de realizar uma tarefa em poucos minutos e até em segundos.

Além disso, eles executam diversas tarefas simultaneamente, trabalham o tempo todo, durante a noite e nos finais de semana, proporcionando uma produtividade maior para os escritórios de contabilidade, mais qualidade, menor chance de falhas, permitindo, inclusive, um planejamento de todas as atividades para curto, médio e longo prazos, internas ou orientadas para os clientes.

Redução nos custos e mais eficiência com a robótica na contabilidade

A empresa americana de auditoria fiscal E&Y, uma das maiores do mundo, presente em 156 países, entre eles o Brasil, destaca ainda que além de proporcionar mais eficiência e qualidade na execução de diferentes ações, a adoção da tecnologia promete otimizar custos.

Com valores estimados em cerca de 20 mil reais, os softwares desenvolvidos com a RPA revelaram, em diferentes treinamentos, a capacidade para realizar o trabalho equivalente a três turnos de oito horas, repetidamente, apresentando mais qualidade, eficiência e sem nenhuma falha relativa ao ofício humano.

A chegada da tecnologia ao mercado contábil, sugere, entretanto, não apenas uma redução para lá de expressiva nos custos anuais referentes a manutenção operacional dos escritórios, mas também uma atuação diferente dos profissionais de contabilidade, que se tornam, nesse caso, responsáveis pelo gerenciamento dos softwares, alteração dos códigos com o objetivo de alinhá-los às novas necessidades, ou para alimentar com informações a inteligência artificial dos robôs.

A E&Y disponibilizou dois vídeos tutorias,  que demonstram o funcionamento dos aplicativos, com a execução de forma automatizada dos fluxos e etapas dos processos de trabalho, reproduzindo a atuação de um profissional mesmo em ações de comunicação, como o envio de e-mails, por exemplo.

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A empresa de consultoria em tecnologia Accenture, também com atuação global, estima os seguintes benefícios na utilização da robótica:

  • Até 80% de redução de custos;
  • Entre 80% e 90% na redução do tempo para a realização de tarefas;
  • Aumento da qualidade e eliminação de erros;
  • Produção em escala, contrária à capacidade humana;
  • Integração através de sistemas de gestão de contabilidade existentes;
  • Maior controle da produtividade.

Tudo isto indica uma tendência de substituição do outsourcing tradicional para o RPA. Na verdade, os players globais de outsoursing estão integrando RPA ao seu modelo de negócios reduzindo a participação humana e melhorando o desempenho geral do negócio.

Guia para automação robotizada de processos

A empresa inglesa de auditoria e consultoria Deloitte, presente no Brasil há cerca de cem anos e em mais 150 países, afirma ainda em seu guia para automação robotizada de processos, que ‘para aumentar o impacto da automação, os gestores precisam conhecer mais sobre as ferramentas disponíveis, além de criar estratégias para a implementação do processo’. Veja abaixo o passo a passo sugerido pela Deloitte, com os pontos que devem ser observados em cada etapa:

O quê? Avaliação dos softwares de automação

  • Quais sistemas são melhores candidatos para a automação da empresa?
  • Quais são mais adequados para desenvolver o projeto piloto?
  • Qual o grau de envolvimento dos desenvolvedores no processo de automação?
  • Quais devem ser os impactos causados pelo projeto piloto?

Por quê? Elabore um estudo de caso

  • Por que a automação é um suporte importante para a sua empresa?
  • Quais são os benefícios?
  • Quais fragilidades serão atenuadas?
  • Quais regras irão determinar se a automação é importante?
  • Qual estratégia será utilizada para implementação de recursos após a automação?

Como? Determine o modelo operacional ideal

  • Qual modelo operacional funciona melhor para sua empresa?
  • Você tem a equipe certa para apoiar a implementação e assumir funções como avaliação e teste das tarefas automatizadas?
  • Quem deverá gerenciar e monitorar o robô?

Quem? Identifique os melhores parceiros para o processo de automação

  • Quem são os principais fornecedores da tecnologia RPA?
  • Quais se identificam mais com as necessidades do seu negócio?
  • Qual a melhor oferta para o abastecimento de informações?
  • Faça uma comparação de formatos e preços para entender melhor o que você está comprando.

Quando? Planeje as etapas de automação

  • Quanto tempo deve durar o projeto piloto?
  • Quais serão as etapas após o projeto piloto?
  • Qual o tempo necessário para o desenvolvimento de cada uma?
  • Como você assegurará que as partes interessadas impactadas compreendam todo o processo de automação?

Robótica nas universidades e cursos de contabilidade

Contrárias a todo esse movimento, que promete grandes modificações no mercado contábil, as instituições de ensino, no entanto, não têm apresentado nenhuma alteração em sua grade curricular. A grande maioria continua a oferecer apenas as matérias tradicionais relacionadas ao curso.

A falta de instrução para encarar essas novas habilidades, cria um distanciamento entre a preparação do profissional e os requisitos necessários para se destacar no mercado, ou mesmo garantir uma vaga de trabalho.

O pouco preparo dos profissionais da área, acarreta ainda em grande dependência dos profissionais de tecnologia da informação, TI, para impulsionar a mudança, criando uma lacuna na tradução de diversos conceitos, uma vez que esses profissionais não possuem conhecimento a respeito das diferentes ramificações da contabilidade.

É importante, portanto, buscar diferentes alternativas para essa especialização, garantindo, dessa maneira, maiores oportunidades e destaque no novo cenário que se configura.

Fonte: Roberto Dias Duarte

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